quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

24º Capitulo - "Ambos nos amávamos mas isto era um amor que não era possível..."

Comecei a me vestir e nem dei pelas horas passarem. O Rúben bate á porta do meu quarto:

- Bia, o Gustavo e o David já chegaram á bastante tempo. Já estamos atrasados. Ainda demoras muito?

- Não Ru, só falta uma coisinhas que já vou. – Respondi eu da casa de banho.

- Mulheres. É preciso mais que paciência. – Disse já a sair do quarto.

Sai para o quarto, coloquei o colar, peguei na carteira e sai.
Normalmente não gostava de mim mas hoje é diferente, apesar de não me achar bonita gosto muito de como estou vestida.

Roupa



cabelo



Quando cheguei á sala o David estava de costas mas o Ru e o Gu estavam de frente e ficaram parados a olhar para mim.

O Ruben deu uma chapada no braço do David.

- Que foi cara? – O Ru não lhe respondeu e ele apenas seguiu o olhar deles encontrando-me de seguida. Também ele ficou na mesma figura parva que os outros dois.

- Vocês têm noção que estão a fazer uma figura de parvos não têm? – E ri-me. O Rúben veio na minha direcção, pôs o braço á volta dos meus olhos e disse:

- Sabes qual é a tua sorte?

- Qual?

- É que vais com o David e sei que ele não vai deixar nenhum gajo se aproximar, porque se não tu não saias desta casa assim minha menina.

- Que piadinha Ruben. – Disse-lhe apertando-lhe as bochechas.

- Ele tem razão, cê tá maior gata. – Disse o Gu.

- Obrigada. Mas vamos mudar de assunto sim? – Eles começaram-se os dois a rir. O David continuava na posição inicial.

- Sim, vamos embora. Olha Bia o Gustavo vai comigo no meu carro e tu vais no carro do David ok? – Apenas acenei afirmativamente com a cabeça. Eu queria ir com ele mas eu já tinha decidido que não lhe podia mostrar nem dizer que gostava dele, melhor, que nunca deixei de gostar.

O Ru saiu com o Gu e foram para o carro. Eu ia-me a virar na direcção da porta quando o David me agarra no braço e me faz virar para ele:

- Você tá muito linda. – E deu-me um daqueles sorrisos que deixavam qualquer uma derretida. Mas eu tinha de ser forte, tinha de resistir.

- Obrigada. Tu também estás muito bem. – Virei-me e segui em direcção aquele carro que me fascinava.

A viagem foi feita entre olhares profundos. Ambos nos amávamos mas isto era um amor que não era possível e se já tinha aguentado até aqui ia aguentar o resto do caminho.

Chegamos a casa do Javi e já lá estavam muitos carros. Quando íamos a entrar o David tentou me dar a mão mas eu rejeitei.

Entremos, eu mais á frente, e a Elena quando me viu fez sinal ao Javi para baixar a música, sim, porque o Javi era sempre o DJ de serviço ainda por cima em sua própria
casa.

- Chegou a estrela da noite. – Disse ela. Eu cada vez corava mais. Olhei para o Javi e ele percebeu que era para por a música normal. As pessoas lá começaram a dançar outra vez.

- Oh Elena. Era preciso isto? – Disse eu fazendo-me de chateada.

- Não fiques assim comigo. – Não aguentei e desatei-me a rir.

- Estava a brincar contigo espanholita. – Ela riu-se comigo. Estávamos tão entretidas que nem nos apercebemos da chegada de um rapaz á nossa beira. Devia ter uns 20/21 anos.

- Olá. – Disse ele. Era muito bonito, devia ser mais ou menos da altura do Javi e até era parecido com ele.

- Olá Juan. Bia este é o Juan irmão do Javi, Juan esta é a Bia, uma grande amiga minha. – Eu também considerava a Elena uma grande amiga. A nossa amizade tinha crescido nos últimos tempos e ela devia ser das poucos pessoas que sabia quase tudo sobre mim.

- Prazer em conhecer-te. – Disse eu.

- O prazer é todo meu. – Oh meu deus. Que sorriso. Fazia-me lembrar o do David. – Estás muito bonita. – Eu corei.

- Obrigada.

- Queres vir dançar? – Eu ia responder, mas alguém antecipou-se.

- Ela não pode. – Olhei para trás de mim. Claro, tinha de ser ele.

- Olha lá, não posso porque? – Perguntei eu.

- Porque é quase meia-noite e temos de ir brindar. – Sim realmente só faltavam 5 minutos.

- Sim, tens razão. – Virei-me para o Juan e disse. – Desculpa, depois da meia-noite danço contigo. – Sorri-lhe.

- Ficas-me a dever uma dança. – Sorriu e foi ter com o Javi.

- Venha comigo. – O David dá-me a mão e leva-me para o jardim.

- O que queres? – Disse de maneira fria. Eu tinha de falar assim senão não me ia aguentar muito.

- Não fale assim comigo não. – Ia-se aproximando.

- David, diz de uma vez o que queres.

- Quer mesmo saber o que eu quero?

- Sim.

- Você pediu. – Uniu os nossos lábios de uma maneira que acho que nunca tinha unido. Tinha amor, carinho, paixão mas acima de tudo, respeito. Foi apenas um beijo de lábios, ele não forçou pois eu não lhe dei a permissão que ele queria para tal. Ele acabou com aquele que talvez fosse dos nossos melhores beijos. Afastou-se e virou-me as costas.

Lá dentro começou-se a ouvir a contagem decrescente.

- 8…7…6…5

- David?! – Ele virou-se para mim.

- 4…3…2… - Eu lacei-me para ele e beijei-o. Desta vez fui eu que tomei a iniciativa. Não lhe pedi permissão e invadi a boca dele com a minha. Ele não proibiu, pelo contrário, pôs uma mão á volta da minha cintura e a outra na minha cara acariciando-a. Eu tinha uma no pescoço dele e outra nos seus caracóis. Lembro-me de no inicio do beijo ouvir eles todos a gritarem por termos entrado no novo ano mas eu não trocava aquele momento por nada.

Nenhum de nós queria acabar com o beijo mas tinha de ser, eu tinha de respirar. Tínhamos as nossas testas encostadas uma á outra e as nossas mãos estavam no mesmo sitio.

- Feliz ano novo David. – Disse com um sorriso nos lábios.

- Feliz ano novo pequenina. – Disse com aquele sorriso que lhe era tão característico.

E assim entramos no novo ano, com o amor que nos unia, a falar, pela primeira vez mais alto que a razão.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

23º Capitulo - "Ele estava lá e mesmo a dormir era o ser mais perfeitamente perfeito que eu conhecia."

Acordei eram 8h. Bem queria ficar mais um bocadinho mas tinha deixado o telemóvel longe da cama e já estava farta de o ouvir tocar. Levantei-me e atendi sem ver quem era.

- Sim? – Disse com voz ensonada.

- Já acordas-te?

- Não Elena, tu fizes-te o favor de me acordar tu.

- Ainda bem. Daqui a 1h estou aí. Vê lá se não te atrasas sim?

- Agora é um bocadinho difícil.

- Vindo de ti já nada me espanta. – E começa-se a rir.

- Que gracinha. Estamos muito bem dispostas estamos.

- Claro que estamos. Último dia do ano. Logo á noite há festa. – Disse, entoando de forma bastante festiva a última palavra.

- Olha, não querias que me despachasse? Então, até logo, beijinhos, também gosto
muito de ti. – Ainda a ouvi a rir mas nem lhe dei tempo de responder e desliguei.

Já tinha despertado o sono e assim já não valia a pena voltar para a cama.

Dirigi-me para a casa de banho e tomei um banho. Demorei algum tempo mas nem me importei seria o meu último banho do ano.

Vou para o quarto só em toalha, uma das vantagens de ter casa de banho privativa.

Queria chegar o creme hidratante mas lembro-me que o deixei na outra casa de banho.

O Rúben ainda devia estar a dormir por isso não devia haver problema. Abri a porta do quarto e dirigi-me á casa de banho que ficava ao lado da sala. Pego no creme e ao regressar para o quarto reparo que está alguém a dormir na sala.

Pé ante pé vou lá ver sem fazer barulho. Rapidamente um sorriso se formou nos meus lábios. Ele estava lá e mesmo a dormir era o ser mais perfeitamente perfeito que eu conhecia.

Não resisti e passei-lhe a mão na cara. Ele estremece e sem querer puxa-me para ele.

As nossas bocas ficam a centímetros de distância e ele abre os olhos. Ficamos a
olhar intensamente nos olhos um do outro. Eu estava só de toalha com o creme na mão e ele só de calções. Estávamos tão “concentrados” que nem reparamos em quem tinha chegado.

- Bom dia. Está tudo bem? – Olhamos os dois ao mesmo tempo para a porta e está lá a
D. Anabela. Rapidamente nos soltamos. Eu ainda tive de segurar na toalha que me ia
cair.

- Sim tia, tudo bem. Não a vi chegar. – Disse eu, tentando aliviar a tenção.

- Pois reparei. Estavam os dois demasiados entretidos. – Diz ela para de seguida se começar a rir.

- Mas o que é que se passa? – Diz o Rúben, aparecendo na sala com cara de quem tinha mesmo acabado de acordar. – Uma pessoa já nem na própria casa e no último dia do ano pode dormir em paz.

- Oh filho, tu nem sabes o que perdes-te. Quando cheguei aqui a Bia e o David estavam, bem, digamos que próximos, bastante próximos até. – E ri-se novamente.

- O Bia porque é que estás de toalha?

- Porque secalhar tomei banho oh mocotó.

- Olha o respeitinho pirralha.

- Pirralha mas há quem goste.

- Aí há há. E um dos que gosta está ao teu lado.

- Cala a boca Mané.

- Bem a conversa está interessante mas eu tenho de me ir vestir que a Elena está quase a chegar.

- Claro, foge que é melhor. – Estava-me mesmo a passar com o Ruben.

- Oh fofinho vai arranjar namorada que é do que tu precisas. – Ele ainda disse alguma coisa, mas nem liguei. Cheguei ao quarto, espalhei o creme e vesti uma roupa quente e bonita.



Mal me acabo de vestir toca o meu telemóvel.

- Já cheguei Chica.

- Já desço.

Peguei na carteira e sai do quarto.

-Já vais? – Perguntou o Ru quando ia a passar pela sala.

- Já. A Elena já chegou.

- Já sabes, nada de ficares muito bonita sim? – Aquele macaco ainda se ria. Desta vez ia levar resposta.

- Claro que não. Já sei que depois não ias aguentar teres de ficar toda a noite a fazeres-te de meu namorado para ninguém chegar até mim. Fraquinho. – Nem lhe dei tempo de responder e sai de casa com um sorriso nos lábios.

Eu e a Elena passamos o dia todo entre compras, cabeleireiro e depilação. Cheguei a casa eram 18h. Tinha menos de 2 horas para estar completamente pronta.

O Vestido que tinha comprado eram lindo, os sapatos e a carteira também. O cabelo também estava muito bonito.

Tudo estava perfeito, será que a noite ia ser também perfeita ou ia correr para o torto?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

22º Capitulo - “Olha tudo bem David também não estávamos a falar disso.”

Olá meninas (;

Espero que gostem da nossa apresentação do blog (;
Deixem a vossa opiniao.

Sei que muita gente lê e nao comenta, ás vezes um simples "gostei" ou "nao gostei" ajuda quem escreve, só perdem 1 minuto do vosso tempo, nao custa nada sim? (;

Obrigada ;D

Beijinhos*

Nii'i

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- Então, quem escolhes?

- Os dois.

- Como assim? – Eles olhavam para mim incrédulos.

- Eu escolho os dois como amigos. Gosto bastante dos dois. Passei coisas diferentes com cada um e não vou escolher. Quero os dois como amigos e não quero nenhum para mais que isso. – Falei de forma segura apesar de não ser aquilo que eu queria.

Nenhum deles disse mais nada.

Passou pouco mais de um mês, hoje era dia 30 de Dezembro de 2010.

Continuava a ser seguida em consultas. O Doutor Daniel ( era assim que ele se chamava ) era muito atencioso e fazia questão de se garantir pessoalmente que eu comia, levando-me algumas vezes a jantar ou a almoçar com ele.

O Ro e o Dê não insistiram mais. Naquele dia ficou tudo bem claro. Pelo que o Ru me disse o Ro andava a sair com uma rapariga que jogava voleibol lá no clube. Ainda bem para ele, assim deixava-me em paz e era feliz. Eu gostava muito dele, mas como amigo nada mais.

O Dê pelo que o Ru me ia dizendo continuava sozinho. Não é que isso em interessasse mas tudo bem. Quem é que eu quero enganar? É claro que me interessa. Mas eu tenho de seguir com a minha vida e ele com a dele.

As notas do 1º Período foram bastante boas. Tive uma média de 17.3. Por isso, quando fui passar o Natal ao Porto todos ficaram contentes e como o Ru também ficou muito contente não disse nada á minha mãe sobre as consultas da gastro.

Amanha tínhamos a festa de passagem de ano. Ia ser em casa do Javi. Eu disse ao Rúben que não ia, que era uma cena para a família benfiquista, mas ele insistiu e o Javi veio cá a casa convidar-me pessoalmente e no último treino a que assisti antes de ir para o Porto o pessoal disse para ir, lá acabei por aceitar. Só havia um pequeno problema. Tinha que se levar acompanhante.

O Rúben estava no treino mas quando chegasse ia lhe perguntar se queria ser o meu acompanhante, acho que ele já devia contar com isso.

Estava na sala a ver televisão quando ouço a porta a abrir.

- Bia? – Definitivamente o Ru tinha chegado.

- Estou na sala.

- Ah estás aqui.

- Olha anda aqui para a minha beira que quero falar contigo sobre a passagem de
ano. – Falei sem nunca tirar os olhos da televisão.

- Oi. – Estremeci a ouvir uma voz que já não ouvia desde que fui passar o Natal para o porto.

- Olá. – Mal acabo de falar o Ruben senta-se num lado e o David no outro, ficando eu
no meio dos dois.

- Então, que querias falar?

- Era para não te esqueceres que eu vou ser a tua acompanhante amannha.

- Pois, vamos ter um pequenino problema.

- Qual?

- Eu já combinei ir com o Gustavo.

- Com o Gustavo? – Olhei-lhe nos olhos.

- Sim. Ele não tinha com quem ir e perguntou-me e olha aceitei.

- Mas eu pensei que ias comigo. – E deixei de olhar e focei de novo o meu olhar na
televisão. – Bonito, agora não vou. Talvez é mesmo melhor não ir.

- Claro que vais.

- Não vou não, ou já te esqueces-te que temos de levar acompanhante. Queres que leve o meu urso é?

- Não. O David também não tem par. – Agora é que eu percebi a razão de ele e o Gustavo irem juntos, como é que eu não me lembrei disto antes.

- Sim, mas o David de certeza que quer levar outra pessoa e não uma criança.

- Eu não chamei isso para você.

- Chama-te sim, há uns tempos.

- Mas devia tar chateado senão não chamava.

- Olha tudo bem David também não estávamos a falar disso.

- Pois não. – Meteu-se o Ruben. – Então, vocês vão os dois?

- Por mim tudo bem. – Disse o David.

- Por mim também. – Rapidamente se formou um grande sorriso na cara do Rúben. Nem liguei. Estava demasiado cansada da viagem. – Olha, vou-me deitar. – Disse levantando-me.

- Já? Ainda é cedo bia.

- Sim, mas eu estou cansada e a Elena já fez o favor de me avisar que amanha me quer pronta ás 9h da manha para irmos comprar o vestido, cabeleireiro, depilação e isso tudo. Eu disse-lhe que não queria mas ela insistiu tanto que olha, aceitei.

- Não te esmeres muito. – Disse o Ruben.

- Porque? – Não estava a perceber onde ele queria chegar.

- Porque tu já és linda e aqui o cara de cu já se baba sempre que olha para ti e os ciúmes são mais que muitos quando outro gajo olha, entao imagina se te esmerares. Primeiro vai ter de andar cheio de caixas de lenços e babetes atrás dele e segundo não convêm que ele amanha ande no molho com ninguém porque temos treino no dia a seguir. – Mal acabou de falar riu-se logo e levou um chapada na cabeça do David.

- Cala a boca. Só diz besteira.

- Sim Ruben, estás bem melhor calado. – Cheguei-me perto dele e dei-lhe um beijo na cara ao qual ele retribuiu. – Boa noite.

- Boa noite tolinha. – Respondeu ele. Cheguei-me perto do David e dei-lhe um beijo na cara.

- Boa noite David. – Ele retribuiu e segredou-me ao ouvido, enquanto o Ruben estava entretido a ligar a playstation.

- Não precisa disso tudo não, já é linda assim mesmo. – Não lhe consegui responder.

Apenas sorri.

Segui para o quarto. Vesti o pijama e deitei-me. Adormeci logo, pois estava com um pressentimento que muita coisa iria acontecer no último dia do ano.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

21º Capitulo - "Desde quando não se pode pesar e medir com roupa?"

Olá (;

Queria agradecer as mais de 5000 visitas ao blog *.*

Queria tambem dizer que ás vezes um comentário faz toda a diferença, por isso fico há espera dos vossos. Deêm opinioes, ideias, coisas que gostassem de ler na fic (;

Fico á espera ;D

Beijiho*

Nii'i

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(Bia)

Eu não podia acreditar que duas das pessoas mais importantes da minha vida me estavam a virar as costas.

Eu por um lado eu sabia eles tinham razão, mas isto era uma coisa que eu já não podia controlar. É mais forte que eu. Os vómitos já saiam instantaneamente, já fazia parte de mim, já era tão essencial como respirar. Eu sabia que nunca devia ter começado mas eu pensei que podia parar quando quisesse, mas enganei-me. Isto dominou-me por completo, passando este “bicho” a dominar e controlar a minha vida. Tudo dependia dele, já não passava um dia sem o fazer. Aliás, já de há algum tempo para cá que o fazia mais que uma vez por dia. Comer? Isso também era algo que dispensava.

Algo que não me fazia falta. O que era preciso era eu ficar com um corpo lindo e se para isso tivesse de fazer alguns sacrifícios fazia.

Eu sabia que precisava de ajuda, mas tinha vergonha de a pedir. Não a podia pedir, não depois de como os tratei.

Os meus pensamentos pararam com a entrada do David e do Ro no quarto. Aqueles dois?
Juntos? A esta hora?

- O que é que vocês fazem aqui?

- Viemos falar com você.

- Então falem.

- Bia, diz a este que tu já não queres nada com ele.

- Essa conversa agora?

- A gente precisa de saber.

- Precisam de saber o quê?

- Quem você escolhe. Eu ou ele?

- Mas vocês são parvos? Eu …

- Posso? – Perguntou um doutor. Não era o meu. Este era novo, bastante novo até.
Cabelo loiro, olhos bastante azuis e aparentava ter um corpo atlético.

- Claro. – Respondi eu.

- Bom dia, eu sou o seu novo médico. Aquele que a vai passar a seguir nas consultas.

- Consultas?

- Sim, a menina vai ser seguida em gastrenterologia ou gastro, como preferir.

- Porque?

- Porque tem um problema de estômago. Era disso que vinha falar.

- Fale.

- Permita-me ser directo. – Apenas assenti com a cabeça. – Por causa da tremenda
estupidez que a menina fez tem uma bactéria no estômago que com o passar do tempo pode levar a cancro. Tem também gastrite, que, apesar de ser grave é o seu menor problema comparado com a bactéria. – O David e o Ro estavam estáticos a olhar para mim e para o médico.

- Não existe tratamento?

- Claro que existe. Para a bactéria vai tomar medicação e esperar para ver se morre, se ela continuar a operação é a única solução, mas mesmo assim ano dá 100% de certezas.

- Isso parece tudo muito fácil. Diga lá quais são os efeitos secundários disso.

- Tem razão, tem efeitos secundário sim. Vai andar muito cansada, ter pouca força e paciência.

- Todos os dias?

- Não, estes são os dias piores, aqueles em que se irá a baixo. Os outros é muito
relativo, depende como reagir o seu corpo. E por falar em corpo, pode se por de pé,
por-favor? – Nada disse apenas me levantei. – Tire a camisola por-favor. – O David olha o médico com uma cara de quem o ia matar. Eu tirei a camisola. O médico começou a auscultar-me. – Posso lhe fazer uma pergunta?

- Claro.

- Porque?

- Porque o quê?

- Porque fez o que fez? A Beatriz é uma rapariga tão bonita e elegante.

- Obrigada.

- Pode deitar-se outra vez. – Ia vestir a camisola e fazer o que ele pediu.

- Não, sem camisola. Preciso de lhe apalpar a barriga. – Deitei-me e ele começou a
fazer apalpação de barriga. Já estava assim a algum tempo até que o David fala.

- Isso aí ainda vai demorar muito tempo?

- Se tiver pressa pode ir embora Senhor David.

- Acha que eu ia deixar a minha namorada sozinha com cê? Nem pense.

- Não sabia que eram namorados.

- E não somos. – Respondi eu.

- Porque cê não quer.

- Peço desculpa interromper, mas eu estou a examinar a paciente. Se o senhor continuar a destabilizar vou ter de lhe pedir para se retirar.

- Deixa de ser grosso cara. Já me calei, pô.

- Muito Obrigada. Menina Beatriz, ia-lhe pedir que tirasse agora as calças, para podermos pesar e medir.

- Desde quando não se pode pesar e medir com roupa? – Desta vez foi o Ro que falou.

- Olhem lá, se algum dos dois diz mais uma palavras rua, entendido? – Disse eu já muito envergonhada, não só por estar em roupa interior á frente deles como por aquelas figuras deles.



- Suba para aqui por-favor. – subi para a balança. – Muito bem, vamos medir entao. –
E mediu-me. – Agora vamos tirar as medidas corporais. – Lá começou a tocar-me e a tirar as medidas. Sinceramente nem eu estava a achar muita piada, mas era médico, podia fazer o quê?

- Já está? – Perguntei eu.

- Sim, a menina mede 1.56 e pesa 54 Kg. As suas medidas nem vale falar. É uma das mulheres mais bonitas que já vi, tem um corpo perfeito. Que quer mais?

- Quero ser feliz.

- E não o é?

- Nesse momento …

- Está tudo bem aqui? – Pergunta o Rúben entrando de rompante. Ficamos todos a olhar para ele.

- Porque não havia de estar?

- Sei lá, talvez porque eu e o David chegamos atrasadíssimos ao treino, ouvimos do Mister e depois estes dois saíram do treino a meio sem avisar ninguém e no fim eu é que tive quase meia hora a ouvir do mister. – Quando o Rúben acabou de falar eu não sabia se havia de rir ou chorar, mas o riso saiu-me sem eu me controlar. – Ainda te ris?

- Oh Ru, tem piada.

- Olha lá mas o que é que estás a fazer em roupa interior á frente de um médico babado, um brazuca apaixonado e um marmelo que anda atrás de ti? – Desta vez só o Rúben se riu.

- Menina Beatriz, acho melhor deixa-los a sós. Passo já aqui para lhe dar a alta. – E saiu.

- Oh Rúben foste mesmo parvo agora.

- Não digas isso, só disse a verdade. Ele estava-se a babar para cima de ti.

- Cê tem razão, não tava gostando não. Cê já escolheu?

- Escolhes-te o que Bia?

- Esquece Ru, não ias perceber.

- É Bia, só podes escolher um. Já escolhes-te?

- Mas escolher o quê? – Insistiu o Rúben.

- Está calado. – Respondemos todos.

- Sim, já escolhi. A escolha sempre esteva á frente dos meus olhos mas eu nunca me apercebi. Fui burra.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

20º Capitulo - "Aceleramos os dois em alta velocidade em direcção ao local onde todas as decisões iriam ser tomadas."

(David)
Custou-me muito sair daquele quarto e deixa-la ali sozinha mas ela tinha de
aprender. Ela tinha de querer viver e para isso tinha ver o que ia perder. Eu senti que ela ainda sentia algo por mim, o meu problema foi não conseguir saber exactamente o que era.

- Manz, cê tá bem?

- Achas que tou bem? A minha melhor amiga está-se a matar ao poucos e eu estou bem. Claro, é mesmo possível.

- eu sei disso meu irmão, mas também sei que ela vai se aperceber do que está a fazer.

- Isso eu também sei David, o problema é que pode ser tarde de mais.
Nisto o meu celular toca.

- Diz Fábio.

- Estás com o Rúben.

- Sim.

- Vocês já viram as horas?

- Não, a gente teve com uns problemas e esquecemos as horas. Mas porque? A gente combinou algo com você?

- Comigo não, mas com o mister sim.

- Com o mister? O quê?

- O Treino seu anormal. Para ti é só correr atrás de uma bola mas para nós não, é muito mais.

- A gente se esqueceu.

- Pois, o mister é que não está assim muito contente com esses esquecimento.

- Estás a falar com eles? – Ouvi do outro lado da linha. Era o mister. Agora é que o caldo estava entornado.

- Não… Sim… Mais ou menos mister. – A atrapalhação do Fábio era notória, ele não sabia que responder.

- Dá-me isso. – Aí, agora vai doer.

- David? Rúben? Qual de vocês é?

- Estamos aqui os dois, mas sou eu que tou falando mister.

- Tem exactamente 5 minutos para estarem aqui. ENTENDIDO?

- Sim chefe, quer dizer, mister.

Não respondeu, apenas me desligou a chamada.

Eu não precisei de dizer nada ao Rúben porque o celular estava em alta voz e ele
ouviu tudo.

Fomos os dois no carro do Rúben. O meu ficou lá no hospital, sim, dissemos aquilo á Bia mas a gente combinou que quando ela tivesse a dormir ia-mos vê-la e falar melhor com o doutor.

O Rúben foi a acelerar todo o caminho e bem era preciso. Chegamos, ele estacionou e fomos correndo para dentro.

Nos banheiros já não tava ninguém, aí a gente percebeu que tava mesmo atrasado.

- Manz se despacha.

- Oh meu não tas a ver que tou a fazer por isso.

Estávamos prontos e fomos correndo para o relvado.

O Mister tava falando com eles no centro a gente foi até lá a correr. Quando o pessoal dá pela gente de começa a rir. A gente não percebe porque.

- Nunca viram seus babacas?

- Não. Um com os calções e a camisola ao contrário. Outro num pé com um chuteira e no outro com uma sapatilha. – Eu e o Rúben olhamos um para o outro e fomos a correr para o balneário. Tocamos e antes de regressar-mos fomos nos olhar ao espelho.

Quando chegamos já eles corriam. O Fábio, o Roberto, O Javi e o Roderick estavam a passar por nós nessa altura. Nós metemo-nos no meio deles para o mister não dar por nós.

- Entao meninas já estão bonitas? – Estava a perder a paciência com o Roderick. Mas decidi não responder, pra não criar confusão. Mas ele continuou. – Não falas David? Estás demasiado desgostoso por a Bia te ter trocado? – Tinha atingido o meu limite, que era bastante grande.

- O que é que cê quer? – Disse virando-me para trás obrigando-o a parar.

- Quero a Bia e tu não a deixas em paz.

- A Bia não gosta de você.

- Não? Eu não tinha tanta certeza disso.

- Pois, mas eu tenho a certeza.

- Aí sim? E como?

- Não interessa. – Não lhe ia contar do beijo, nem pensar. – E você como sabe que
ela goste de você?

- Porque ela me disse, porque ela disse que tu foste uma grande desilusão e porque
nos beijamos já mais que uma vez e ela não negou.

- Não acredito.

- Não me importo que não acredites, o que interessa é que hoje a vou pedir em namoro e tenho a certeza que ela vai aceitar.

- Isso vai ser difícil. – Desta vez respondeu o Ruben.

- Aí sim? E porque?

- Porque a Bia está internada no hospital. – O Roderick olhou para mim, eu olhei para ele e desatamos a correr. Eu sabia que ele ia ao hospital. Mas não o ia deixar ir sozinho.

- Manz? Vou levar o seu carro. Apanhe boleia depois sim?

Nem dei tempo de ele responder. Ainda ouvi o mister dizer algo mas nem liguei. Fui ao balneário, pequei na chave e fui pró carro para o Ruben. O Roderick foi para o dele. Aceleramos os dois em alta velocidade em direcção ao local onde todas as decisões iriam ser tomadas.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

19º Capitulo - "Eu não posso lutar por uma pessoa que não luta pela própria vida."

Se pudesses dizer alguma coisa ao Rúben Amorim o que dizia? Manda a tua resposta para o mail nii_23@hotmail.com até amanha a tarde.

Nao te esqueças que nesta fase ele precisa de todo o nosso apoio.

Posso Garantir-te que o Rúben irá ler todas as mensagens.

Nii'i

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- Porque me beijas-te?

- Eu? Cê queria tanto quanto eu.

- Não queria não.

- Cê não me engana não, eu bem vi como cê se entregou ao beijo. Sabe o que eu
percebi?

- O quê?

- Que você ainda gosta de mim. – Não, o David não podia saber que ainda não o tinha
esquecido.

- Estás muito enganado.

- Não tou não.

- Tás sim David. Eu já não gosto de ti.

- Sabe uma coisa? Cê pode continuar a insistir nisso mas eu sei muito bem o que se passou com este beijo. E quer saber outra coisa? Não vou desistir de você não. – E fez um daqueles sorrisos que só ele sabe fazer. Eu ia a responder, mas entretanto o Rúben entra no quarto.

- Bia? Como é que tu estás?

- Estou bem Rúben.

- O que é que o médico te disse?

- A mim nada. Acordei há bocado e ele ainda não veio aqui. – Dito isto entra o
médico no quarto.

- Bom dia menina Beatriz. Como se sente?

- Bem.

- Mas não está tudo bem consigo.

- Como assim doutor?

- A menina está com princípios de anemia. – Não, não podia ser. Outra vez não.
Passar por tudo. Eu não ia aguentar.

- Doutor, o que quer isso dizer? – Foi o Rúben que falou. Era notória a sua preocupação. Eu agradecia todos os dias por me ter cruzado com ele e por ter um melhor amigo assim.

- Bem, quer dizer que o sangue da menina Beatriz está muito fraco e pode passar a doenças bastante piores, como leucemia. – Isto não me podia estar a acontecer, não mesmo.

- Mas doutor, me diga, como isto foi acontecer? – Perguntou o David.

- Acho que a menina Beatriz é a melhor pessoa para responder a isso. Ela sabe o andou a fazer. – Nesse momento todos os olhares caíram em mim.

- Que foi?

- Fale Bia.

- Não é preciso David, eu sei muito bem o que ela andou a fazer. Eu disse-te hoje de manha e tu negas-te. Eu acreditei em ti.

- Oh Rúben não é nada disso.

- Como não Bia? Tu voltas-te ao mesmo. Admite caraças.

- EU NÃO VOLTEI AO MESMO PERCEBES-TE?

- Não, não percebi.

- Desculpem tar me metendo, mas quê que cês tão falando?

- Sabes David, aqui a Bia esteve internada ás uns tempos com anorexia e bulimia.

Esteve quase a morrer mas depois recuperou. Eu já suspeitava que ela tivesse voltado ao mesmo, mas ela negou. Como é a minha melhor amiga, acreditei nela. Pelos vistos mentiu-me. – Virando-se para mim disse. – Desiludiste-me muito Bia, não pesei que fosses capaz de me mentir. – E vai a sair do quarto.

- Onde vais?

- Vou embora. Já te disse, se queres morrer, morre sozinha. Eu não te vou ver a matares-te sem puder fazer nada .- E sai do quarto.

- Eu amanha passo aqui amanha para lhe dar alta. Continuação de boa noite.

- Obrigada. – E o médico saiu.

O David olhava para mim com uma cara … bem, nem sei explicar.

- Que foi? Nunca viste?

- Não, nunca vi uma garota estúpida que nem você. Tem pessoas que gostam de si aqui para a ajudar mas mesmo assim prefere ser burra e morrer. Tudo bem. Eu vou ter com o manz, neste momento ele precisa mais de mim. – E prepara-se para sair.

- David?

- Sim.

- E aquilo que disseste que não ias desistir de mim?

- Eu não posso lutar por uma pessoa que não luta pela própria vida. – E sai do quarto sem me olhar de novo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

18º Capitulo - "Mas a razão falou mais alto que o desejo e o beijo foi terminado."

Acordo e olho há minha volta. Estou num quarto de hospital.

Vejo-o ali sentado numa cadeira. Olhava-me com olhos de menino grande.

- Cê tá melhor?

- Estou. Que aconteceu?

- Cê desmaiou a sair de casa.

- O Rúben?

- Está no treino.

- Porque também não foste

- Porque não a ia deixar sozinha.

- David é o teu trabalho.

- Sim, e você é… - Calou-se.

- Sou?

- É minha amiga, e não se deve deixar os amigos na mão não.

- Ah. Pois.

Nem eu nem ele dissemos nada durante algum tempo, talvez, por falta de coragem ou medo do que se pudesse passar depois.

- David…

- Bia…

Dissemos ao mesmo tempo.

- Fale você.

- Não David fala tu.

- Posso fazer uma pergunta para você? – Dito isto levanta-se e vem na minha direcção. Para mesmo junto á cama.

- Claro.

- Que tá passando entre você e o Roderick? – Pronto e mais uma vez não sabia o que responder. Teria de dizer a verdade, mas alterando umas partes e omitindo outras.

- Nada. Somos amigos. Eu gosto muito dele e cada vez mais gosto de o conhecer.

- Mas você gosta dele só como amigo né?

- Sim…- O David sorriu. – Mas de uma grande amizade nasce um grande amor. – O seu sorriso desvaneceu.

- Então seu coração está disponível? – Ele ia aproximando a sua cara da minha. Eu assenti com a cabeça. – Totalmente disponível? – Cada vez se aproximava mais.

- Sim. – Eu já sentia a respiração dele e muito provavelmente ele também sentia a minha.

- Então se eu beijasse você neste momento não ia ter problema porque você está desimpedida, certo?

- Sim, mas também eu sei que não me vais beijar. – Eu tentava-me controlar e resistir.

- Porque cê tem tanta certeza disso? – As nossas caras continuavam a centímetros de distância.

- Porque fizes-te o mesmo no outro dia antes do treino e não me beijas-te.

- Este é para provar como você se engana. – Dito isto deu-me um beijo ao de leve. –
Este é pelo do outro dia. – E deu-me outro beijo, um pouco mais intenso que o primeiro mas mesmo assim leve. – E este é porque tou louco para beijar você. – Voltou a beijar-me, um beijo bastante diferente dos primeiros, um beijo não ao de leve mas profundo, um beijo em que ambas as línguas começam a dançar ao som de uma música ritmada e bastante batente, uma música que não tem fim e com a qual nunca nos cansamos de dançar. Os meus dedos entrelaçavam-se nos seus caracóis, ele tinha a mão em torno da minha cintura levantando-me ligeiramente da cama. Não queria parar, ele
também não. Mas a razão falou mais alto que o desejo e o beijo foi terminado.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

17º Capitulo - "A vida é tua, se queres voltar para uma cama de hospital volta, só tu mandas no teu corpo."

(Passados cerca de dois meses, ou seja, 22 de Novembro de 2010)

Estes últimos dois meses correram normalmente. Contei ao Ro toda a verdade, o Rúben deixou de me tentar juntar com o David, apesar de ás vezes ainda mandar umas indirectas, eu e o David só falávamos mesmo o necessário e lá na escola toda a gente sabia que o Rúben era o meu melhor amigo.

O conservatório não podia correr melhor, felizmente a Directora nunca mais me perguntou nada sobre o David.

Acordei ás 7h. Esperava-me mais um dia de aulas. A segunda-feira era o que mais
custava.

Tomei banho, vesti-me e dirigi-me para a cozinha.



- Bom dia Rúben.

- Bom dia.

- Já acordado?

- Sim.

- Porque?

- Tenho de ir buscar o carro á oficina.

- E vais a pé até lá?

- Não, vou com o David.

- Ah ok. Bem, eu vou indo.

- E não comes?

- Estou a comer, não vês?

- O que vejo é que estás só com uma maça.

- Que é o suficiente.

- Bia, senta-te. Vamos falar.

- Rúben, ainda tenho de apanhar o metro e ir.

- Eu e o David levamos-te, mas agora vamos falar.

- Aí Rúben, o que foi?

- Ainda perguntas?

- Claro. Não sei do que estás a falar.

- Bia, eu tenho reparado que tu não andas a comer nada. Ou chegas e dizes que já
comes-te, ou dizes que estás maldisposta, ou que não tens fome. E quando comes ou é cereais, ou fruta ou iogurtes magros. Eu estou mesmo preocupado contigo.

- Isso são manias da tua cabeça.

- Também são manias da minha cabeça que tu estives-te internada 1 semana no hospital com anorexia e bulimia? Também são manias da minha cabeça que tu ias parar frequentemente ao hospital com desmaios? Também é da minha cabeça que tens problemas de estômago por causa dessas merdas? Também é da minha cabeça que perdes-te 8 kg num mês, também é da minha cabeça que quase morres-te por essas merdas, também é da minha cabeça…

- Já chega Rúben, já percebi…- As lágrimas caiam-me, relembrar tudo aquilo ainda me custava muito. Relembrar as dores, os medos, as inseguranças, relembrar tudo por aquilo que passei. Sim, era verdade que andava a comer menos, mas eu tinha de perder mais 8kg por causa da dança, mas eu se quisesse voltar a comer comia, mas precisava de emagrecer. Mas o Rúben não podia nem imaginar que estava a fazer de propósito. Ele matava-me se soubesse.

- Bia, não faças outra vez isto a ti própria, tu és linda.

- Sim, linda e gorda.

- Pára, eu sabia que tu ainda não tinhas esquecido isso.

- Esqueci Rúben, custou mas isso pertence ao meu passado. – Não gostava de lhe mentir, mas neste momento era a minha única opção.

- A vida é tua, se queres voltar para uma cama de hospital volta, só tu mandas no teu corpo. Eu tentei, queres continuar cega? Continua. Vou-me vestir, o David deve estar a chegar. Até logo.

Não me deu tempo para responder e dirigiu-se para o quarto. Tinha de sair dali, não queria pensar em tudo outra vez. Peguei na mala e sai.

Ia a sair da porta do prédio quando começo a ver tudo desfocado, as forças falham-me. Sinto-me a cair até que alguém me segura. Os meus olhos apagam-se e fico só com a sua imagem como última recordação.

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Quem será que segurou Bia, o Roderick ou o David?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

16º Capitulo - "Se o meu destino passar pelo David..."

- Ro? O que estás aqui a fazer? – Disse levantando-me da cadeira e indo na sua direcção.

- Eu recebi uma mensagem do teu telemóvel a dizer para vir aqui ter.

- Mas eu não mandei nada.

- Queres ver a mensagem?

- Não, eu acredito em ti. – Se ele tinha recebido uma mensagem do meu telemóvel e se não fui eu a mandar. Só podia ter sido uma pessoa. – A que horas recebes-te?

- Por volta das 2h da manha. Mas tu na mensagem dizias para eu não responder, por isso não respondi. – A essa hora eu já estava a dormir. Eu mato o Rúben.

- Importas-te de esperar lá fora? Eu já vou ter contigo para falar-mos sim?

Ele não respondeu, apenas de virou e saiu. Eles iam-me ouvir os dois, sim, porque o Rúben de certeza que não fez isto sozinho.

Quando em viro eles estavam os dois com os olhos postos em mim. Eles não tinham ouvido a minha conversa, estávamos a uma distância considerável.

Depressa encurtei essa distância e quando cheguei á beira da mesa, pôs as minhas mãos em cima da mesa e disse:

- Falem.

- Falamos o quê Bia?

- Tu sabes muito bem do quê Rúben.

- Não, não sei.

- Olha, és o meu melhor amigo, nunca pensei que me fizesses uma coisa destas. Eu estou mesmo magoada Rúben. E não adianta negares. Sabes bem que descubro tudo e não sou burra.

- Bia, seu sei que errei. Mas tu estás a enganar-te a ti própria. Oh pá és a minha melhor amiga, custa-me ver-te assim.

- Rúben mete na tua cabeça que eu estou bem.

- Não, não estás. Finges que estás, mas não te esqueças que eu sou das pessoas que te conhece melhor. – Engoli em seco. Ele tinha razão. Ele conhecia-me melhor que ninguém.

- Alguém me pode explicar que tá passando aqui? Não tou entendendo nada.

- Oh David, não te faças de sínico que eu sei que estás feito com ele.

- Eu? Mas como posso tar feito com ele se eu nem sei do tão falando.

- Bia, o David não sabia de nada. Fui eu que fiz tudo.

- Podem-me explicar? Eu não sei do que? E você fez o quê?

- Oh David, podes estar calado? Não vês que estou a ter uma conversa séria com o Rúben? – Depois virei-me para o Rúben e continuei. – Olhem não me interessa saber de mais nada. Eu vou falar com o Ro. Não esperes por mim para jantar nem acordado. Vou chegar tarde.

Nem lhe dei tempo de responder, virei costas e sai da sala. Atravessei todo o restaurante. Á saída encontrei a D. Conceição.

- Já vai embora?

- Sim, aconteceu-me um imprevisto. Peço desculpa.

- Não tem mal. Quinta-feira começam as suas aulas. São as 17h. Não se atrase.

- Muito obrigada. Até quinta entao.

- Até quinta.

Ele continuou para dentro e eu sai. Olhei em volta e vi o Ro sentado num banco cabisbaixo. Tive medo, mas sabia que era o melhor que tinha a fazer. Dirigi-me para ele, aquele conversa iria custar, pois teria de lhe contar o que não contei há um mês atrás quando ele me perguntou o que se passava comigo e com o David. Parecia o destino. Qualquer que fosse o caminho que fizesse, qualquer que fosse a palavra que proferisse ou o pensamento que tomava conta de mim, tudo ia dar ao David. Sim, acredito no destino, mas também acredito que as pessoas o podem alterar. Se o meu destino passar pelo David, então eu vou altera-lo á minha maneira.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

15º Capitulo - "Têm muito bom gosto David, a sua namorada é muito bonita."

Levantei-me num impulso e agarrei-lhe o braço.

- Desculpa, eu fui uma parva. Tu e o Rúben só me queriam ajudar. Desculpa-me David. –
Ele virou-se

- Tudo bem.

E dirigiu-se de novo para a mesa. Eu fiz o mesmo.

Era incrível como aquele homem era sempre tão compreensível comigo depois de tudo o que eu lhe dizia e o que eu lhe fazia.

Mal acabamo-nos de sentar a porta abre-se. Entra uma senhora que eu nunca tinha visto. Quando fiz a entrevista para entrar para o conservatório não foi com ela que a fiz.

- Boa tarde. – Cumprimentou ela. Todos nos pusemos de pé e a cumprimentamos também.

- D. Conceição, esta é a Beatriz, mais conhecida por Bia.

- Muito prazer.

- O prazer é todo meu.

Ela sentou-se ao lado do Rúben em frente ao David.

- Têm muito bom gosto David, a sua namorada é muito bonita.

- Obrigada – Respondeu ele mas de maneira fria.

- Passa-se alguma coisa?

- Não. – Disse eu muito apressadamente.

- Muito bem. Falem-me um bocadinho sobre como se conheceram e essas coisas.

Aquela mulher não queria mais nada? Eu ia para o conservatório e não para uma
entrevista para uma revista cor-de-rosa.

Eu e o David lá contamos, ou melhor inventamos algumas partes, algumas eram verdade.

A parte até ele me pedir em namoro contamos a verdade, só, a partir da minha
resposta é que inventamos.

Quando acabamos de almoçar e antes da sobremesa, ela disse que ia ao WC, ficando só nós os três na sala. Mas saiu o Rúben falou logo.

- Mas vocês querem estragar tudo?

- Não tou entendendo meu irmão.

- Vocês não parecem namorados.

- Secalhar porque não somos mesmo. – Disse eu.

- Pois, cê é que escolheu assim.

- Eih ó David nem venhas com essa agora.

- Custa ouvir as verdades né? Pois fique sabendo que custa mais não ouvir nada.

- Tu vais-me a continuar a atirar essa merda á cara durante quanto tempo mais?

- Durante o tempo que eu quiser. Cê não tem nada a ver com isso.

- Aí isso é que tenho meu filho. – Aquilo tinha passado a ser uma discussão só minha
e do David. O Rúben mantinha-se apenas a olhar para nós.

- Olhem, parem, que eu acho que vem aí alguém. Deve ser a D. Conceição. Ela deve ter ouvido, dêem aí um beijo para ela pensar que foi apenas uma discussão e que já está tudo bem.

- Oh Rúben…

- Sem Rúben nem meio Rúben. O bem é para ti, e além disso se vocês já não gostam um do outro não há mal nenhum. E David, com respeito sim?

Ouvimos a porta a começar-se a abrir e o David chegou á minha beira e beijou-me.

Começou por ser um beijo calmo e suave. Mas depressa passou a ser intenso e cheio de saudade. Já não beijava o David desde que fui para o Porto, ou seja, desde Junho. Eu não queria termina-lo, por muito que me custasse admitir, eu gostava daqueles lábios, daquele beija, enfim, eu gostava de David. Mas não podia. Havia muitas coisas contra, mas a principal era o medo de ser magoada outra vez e a minha família. Eu não ia contra o que eles pensavam. Eles acham que os jogadores querem muitas mulheres e não querem nada com raparigas da minha idade.

Nenhum de nós tinha coragem de terminar aquele beijo, mas o Rúben começa a tossir cada vez mais alto. Então selamos aquele beijo com pequenos beijinhos, pois aquele poderia ser o nosso último beijo.

Quando afasto a minha cara da do David, não queria acreditar. O Ro estava na porta, com uma cara de surpreendido e com um ramo de rosas na mão a olhar para mim. E agora, como lhe iria explicar a situação? Por mais que lhe dissesse a verdade ele nãos e iria acreditar, pois a D. Conceição não estava na sala naquele momento, mas mais importante, o que estava ele a fazer ali?